sexta-feira, março 21, 2014

É óbvio...

Fonte desconhecida. A utilização do contexto de Luanda, como seria no caso de outros mais, só pode ser encarado para exemplificar as diferenças acentuadas entre as classes sociais, ao nível económico, pois nada me move contra o povo Angolano (apenas faço uma transcrição, conforme recebi em mensagem de correio eletrónico).

Numa Escola muito heterogénea na cidade de Luanda, onde estudam alunos pertencentes a várias Classes Sociais, durante uma aula de português, a professora perguntou:
— Quem sabe fazer uma frase com a palavra "óbvio"?
Rapidamente, Luana Gourgel Pereira dos Santos Van-Dunén, menina rica, uma das mais aplicadas alunas da turma, respondeu:
— Prezada professora, hoje acordei cedo, depois de uma óptima noite de sono no conforto de meu quarto. Desci as escadas da nossa vivenda no condomínio em Tala-Tona e dirigi-me à copa. Depois de deliciar-me com o pequeno almoço de frutas e sumos naturais, fui até a janela. Percebi que se encontrava guardado na garagem o automóvel BMW-X6, V8 do meu pai. Pensei com meus botões:
— É 'óbvio' que meu pai foi para o trabalho com o AUDI-Q7.

Sem querer ficar para trás, Luiz da Silva Kitumba, um rapaz de uma família da Classe Média, acrescentou:
— Professora, hoje não dormi lá muito bem, mas consegui acordar, porque coloquei o despertador na mesinha de cabeceira, perto da cama. Levantei-me meio zonzo, comi pão com manteiga e tomei chá. Quando saía para ir para a escola, reparei que o Toyota "Rabo de Pato" do papá estava no quintal. Logo imaginei:
— É 'óbvio' que o papá não tinha dinheiro para ir abastecer gasolina e foi trabalhar de autocarro.

Embalado na conversa, Domingos Bemba Bumba, um menino originário de uma família da Classe Baixa (é óbvio), também quis responder:
— Senhora professora, hoje quase não dormi nada, porque a polícia estava a girar e a disparar muito para agarrar os bandidos lá no bairro, até altas horas. Só acordei de manhã porque estava a morrer de fome, mas não tinha nada para comer... Quando olhei pela janela, vi a minha avó com o jornal debaixo do braço e pensei:
— A minha avó é analfabeta...! É 'óbvio' que ela vai cagar!